sábado, novembro 25, 2006

Outras paragens


Fiquei uns dias sumida daqui. Fora o tempo em que estive viajando, esse período de silêncio foi um tanto inédito no Santíssimas - isso porque, desde que este blog foi inaugurado, tornou-se parceiro fiel de meus devaneios e elucubrações. Eu, sem blog prévio ou paralelo, elegi esse canto como principal meio de expressão das caraminholas que me vão na testa. Ao lado das outras duas santas, fizemos uma esquina bacana para a troca de idéias e também para estabelecer contato com amigas que pensam como a gente (sem dúvida, uma das partes mais legais da história toda). Até frutos vieram, em outros endereços mais ou menos inspirados por escritos daqui.

E como o mundo girou nesses 5 meses de Santíssimas. Tanto que nem parece que começamos esse blog há menos de um semestre. De alguma forma, essas mudanças e acontecências estão todas aqui - seja em descrições literais, desabafos, posts herméticos, conversas, diálogos entre nós ou com outras queridas irmãs no ofício blogueiro. :)
Agora, os ventos sinalizam nova reforma. Todas as três, cada uma à sua maneira, estamos em intensa tempestade da alma. Buscando caminhos, definindo o que nos é mais caro, o que tem que continuar e o que tem que virar lembrança no coração. Ventos do final de ano? Pode ser. Ano movimentado, esse. Vejamos o que vem pela frente.
E por enquanto, ao menos para mim, o que vem pela frente é um novo espaço. Dando a César o que é de César, estou de mudança para um blog próprio. A necessidade, confesso, é um gesto simbólico para chamar outras mudanças na vida e na alma. Comecemos pelo blog, pois. Veremos o que vem depois.

O Santíssimas continua por aqui, mostrando nosso começo de devaneio em conjunto, com todos os posts aqui mesmo nessa página. Jeito bacana de rememorar uma época boa, que, espero, continue de outras formas - quem disse que passado bom tem que ser distante? E talvez num futuro próximo possamos retomar o projeto de novo, a três, para outros e ainda melhores repartes.

Para terminar com chave de outro essa pequena Odisséia, deixo logo abaixo um "post" que escrevi à mão, há pouco mais de um mês, quando, em terras já não tão estranhas, tive saudade deste blog e nenhum computador por perto. Impressões de fim de ciclo. Começo de reforma na alma.
Impossível deter a onda que passa. A todos e todas, muito carinho, obrigada pela companhia.
E vejo vocês no www.lualigeira.blogspot.com!

SMM

40 dias para...

- perder o medo de olhar pela janela do avião. Às vezes.
- aprender a comer peixe com limão e gostar.
- tentar comer polvo, lula e ostra e não gostar.
- passar uma janta inteira falando numa língua semi-desconhecida. E fingir que tá tudo normal.
- dar risada.
- Dançar.
- Fazer amigos.
- Chorar.
- Falar de política, história, geografia de um outro país. E a conversa ser muito interessante.
- Gostar de ouvir o Hino Nacional Brasileiro.
- Ver folhas secas e coloridas no chão, iguais às dos livros de histórias.
- Ser salva por um cappuccino.
- Tentar e conseguir.
- Tentar e não conseguir.
- Gostar de perder, às vezes.
- Chorar na despedida.
- Se sentir o máximo fazendo supermercado e pegando metrô sozinha numa cidade estranha, onde ninguém fala sua língua.
- Ser hipnotizada por um sorriso.
- Apertar a mão de 50 pessoas desconhecidas por noite.
- Adorar ouvir alguém falando português.
- Tomar vinho todos os dias sem ficar bêbada nem ter ressaca no dia seguinte.
- Sentir o coração apertado.
- Encontrar novas famílias.
- Ver a lua mais linda do mundo.
- Ficar de boca aberta com o mundo lá fora.
- Se achar quase invencível.
- Se sentir quase incapaz.
- Não ter onde guardar as roupas.
- Se surpreender.
- Ficar doente.
- Sarar.
- Andar abraçada com um amigo de madrugada.
- Ter vontade de mudar de vida.
- Conhecer pessoas em três dias e passar outros 30 querendo voltar a vê-las.
- Ficar feliz, muito feliz ao ouvir a voz da mãe.
- Ter saudade do irmão.
- Lembrar do pai toda hora.
- Ficar triste.
- Adorar uma garrafa de chá.
- Ter medo de voltar pra casa.
- Ouvir as palavras “Amore mio” pelo telefone.
- Saber que a vida, na verdade, é o agora.
- Se surpreender com as pessoas.
- Ter vontade de chorar ao visitar uma praia.
- Passar semanas sem ouvir o toque do próprio celular.
- Perder coisas.
- Se apaixonar. Por um pai, por um guerreiro, por um menino.
- Tirar 875 fotos.
- Ficar sem palavras diante de 5 mil anos de história que aparecem na sua frente.
- Se sentir culpada.
- Ter raiva.
- Adivinhar.
- Acertar e errar.
- Perder o medo.
- Perder a vergonha.
- Deixar tudo pra trás.
- Reaprender a rezar.
- Não entender.
- Esquecer.
- Ficar muito feliz em receber emails, mesmo sem tempo de ler ou responder a todos.
- Sentir amigos perto e rir sozinha na frente do computador.
- Acordar cedo todos os dias, inclusive sábados e domingos.
- Esperar o telefone tocar.
- Pedir e ser atendida.
- Pedir e se decepcionar.
- Gostar dos outros.
- Falar errado.
- Pagar vários micos.
- Gastar dinheiro.
- Voltar a ter 15 anos e sofrer pela falta de um olhar.
- Ter taquicardia e gostar.
- Decorar a tabuada do 3 toda hora de abrir a carteira.
- Ver como as diferenças podem não significar nada.
- Rir quando não devia.
- Fazer lista de piadas.
- Se apegar demais.
- Viver e sentir.Lembrar. Amar.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Soul Parsifal

Ilustração: Stephanie Pui-Mun Law

Ninguém vai me dizer o que sentir
Meu coração está desperto
É sereno o amor e santo este lugar
Dos tempos de tristeza tive o tanto que era bom
Eu tive o teu veneno
E o sopro leve do luar
Porque foi calma a tempestade
E tua lembrança, a estrela a me guiar

Da alfazema fiz um bordado
Vem, é hora de acordar
Tenho anis
Tenho hortelã
Tenho um cesto de flores
Eu tenho um jardim e uma canção
Eu tenho um desejo e um coração
Tenho coragem e sei quem eu sou
Eu tenho um segredo e uma oração

Vê que a minha força é quase santa
Como foi santo o meu penar
Pecado é provocar desejo
E depois renunciar

Estive cansada
Meu orgulho me deixou cansada
Meu egoísmo me deixou cansada
Minha vaidade me deixou cansada
Não falo pelos outros
Só falo por mim

Ninguém vai me dizer o que sentir
Tenho jasmim, tenho hortelã
Eu tenho um anjo, eu tenho uma irmã
Com a saudade teci uma prece
E preparei erva-cidreira no café da manhã

Ninguém vai me dizer o que sentir
E eu vou cantar uma canção p'rá mim

(Renato Russo, revisitado)

SMM

sexta-feira, novembro 10, 2006

Friend Zone

Há alguns anos, as veneráveis meninas do 02 Neurônio - sempre citado direta ou indiretamente por aqui - escreveram em seu finado site uma crônica sobre a Friend Zone. Era o auge da série Friends e elas comparavam, sempre divertidamente, a situação de um dos rapazes da tevê (não me lembro qual, pois não assista Friends), apaixonado por uma amiga, com as agruras da vida real nossa de cada dia. A autora (acho que era a Nina) comentava sobre possíveis maneiras de detectar e reverter a situação - ou conformar-se a ela, na pior das hipóteses.

A Friend Zone ocorre quando você está a fim de alguém e, sem que se dê conta ou possa deter o processo, aquela pessoa se torna seu amigo de fé, irmão camarada. Vocês conversam todos os dias, sobre todos os assuntos possíveis. Afinidade total. Ele te dá conselhos, ouve seus problemas, conta piadas, te ajuda. Você vai ficando animada. Até que chega a hora em que ele tenta te arrumar namorado ou começa a falar da menina de quem está a fim. Esse é o momento dramático em que você percebe que está na Friend Zone.

O que fazer então? Nina listava uma série de medidas: perguntar se ele assistia Friends (já que a expressão, me parece, foi cunhada lá), agarrá-lo na pista de dança, cortá-lo rispidamente toda vez que o dito começasse a falar de outra mulher. E terminava com a consolação: lembre-se de que um dia, o cara do Friends já esteve na Friend Zone. E no final se deu bem!

Escrevi tudo isso só para acrescentar, a essa teoria, um novo ponto de vista: quando você percebe que a Friend Zone é inevitável e, por fim, resolve também aderir a ela.

E vê que pode ser saudável mudar o chip de canal. Você passa a achar que, no fundo, a Friend Zone é um bom negócio. Tudo fica mais leve, você passa a gostar mais do mundo e até da pessoa em questão. Continua muito feliz com as conversas diárias, como antes. Mas sem cobranças mentais, expectativas frustradas, pensamentos paranóicos. Friends forever. Como tinha que ser.

Mais uma prova de que certos encontros de almas podem superar tudo. E de que alguns tipos de sentimentos são maiores até do que o amor.

De qualquer forma, por mais que a conversa seja boa, deixemos o assunto "pretês" fora dela. De algumas coisas os amigos não precisam saber. Afinal... vai que um dia, né. :)


SMM

quarta-feira, novembro 08, 2006

O inferno...

... deve ser um lugar repleto de amigos apaixonados por você.
E de pessoas altamente apaixonáveis, mas que só te vêem como amiga.

Estaríamos de volta ao jardim-da-infância?

Certo estava Drummond, com sua Quadrilha.

SMM

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ressaca

Ainda não sei bem onde estou. Parece frescura ou futilidade, mas, passada a euforia do ir e do voltar, vem a sensação de acordar num quarto que não é mais seu, ou ainda não é seu de volta. Vem a resistência à vida real, ao feijão-com-arroz. Sim, provar de novo do tempero da mamãe é maravilhoso. Mas o olhar para o céu, para o horizonte, não é mais o mesmo. Depois de se saber que se pode voar, é difícil de novo pôr os pés no chão. Até para alguém que sempre teve muito mais raízes do que asas.

E o que fazer quando o olhar procura algo impossível que ficou no horizonte? Quando o vê indo embora, belo e efêmero, com a velocidade do instante que passa? Quando se vê que não foi feito para ficar?
O que fazer quando se deixa um pedaço do outro lado e se é obrigado a largá-lo? Quando não se cabe mais, ainda que temporariamente, na redoma de vidro de todos os dias?

Na falta do que dizer, vai outro poema roubado, oportuno para o momento. Fico aqui tentando arrumar a bagunça no coração.
Em breve, voltaremos à nossa programação normal. Por enquanto, apenas o vento batendo no rosto. É tudo que quero por enquanto.

Metade

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção.

E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também.

(Oswaldo Montenegro)
SMM

sexta-feira, novembro 03, 2006

Propaganda

Permito-me aqui fazer um pequeno merchandising: estou dividindo os relatos da viagem entre o Santíssimas e o Pastel com Chimarrão, esquina paulista-gaudéria que mantenho com a mana Taís. Como blog "regional", penso que impressões de viagem em geral vão muito bem por lá. Então tenho colocado ali alguns ricordos divertidos ou curiosos da viagem. E as demais impressões da alma, irei aos poucos colocando aqui também.
Segue o enderecículo:

www.pastelcomchimarrao.blogspot.com

É outro canto que me faz muito bem à alma freqüentar. Espero que gostem!
Buenas!

SMM

quarta-feira, novembro 01, 2006

A boa do dia

Antes de erguer um muro, sempre me pergunto
O que busco reter e o que busco deter
E a quem ofenderia, se não o fizesse.

(Robert Frost, in "O Concerto do Muro")

SMM

domingo, outubro 29, 2006

Aqui me tens de regresso

5 semanas é tempo. Dá pra viver uma pequena vida. Dá pra mudar a cabeça, conhecer gente, se despedir, encher e esvaziar o coração tantas e tantas vezes. Sobre tudo, ou um pouco de tudo, vou ainda publicar aqui um post mais detalhado, que já está a caminho. E provavelmente não será o único, em vista das tantas indas e vindas de um tempo assim intenso. Por enquanto, cheia de saudades de lá e de cá, estou feliz em voltar com tantas histórias pra unir a esse fio de meada daqui.
Em homenagem ao mundo que gira, e às lembranças que ainda são verdade no coração, uma canção de outros tempos que traduz bem esse atual momento de alegria e saudade. Arrivederci, Roma. Ciao, carissimos dal Brasile. Vi voglio bene. :)

Vou voltar na primavera,
Que era tudo que eu queria
Levo terra nova daqui

Quero ver o passaredo
Pelos portos de Lisboa
Voa, voa, que eu chego já

Mas se alguém segura o leme
Dessa nave incandescente
Que incendeia minha vida
Que era viajante e lenta

Tão faminta de alegria
Hoje é porto de partida

Ah, vira, virou, meu coração navegador
Ah, gira, girou essa galera


SMM

quarta-feira, outubro 04, 2006

um dia, eu juro...












... que apareço pra tirar o pó desse blog....

(Santa Bárbara)

domingo, setembro 24, 2006

A lua vai estar cheia, e no mesmo lugar

São 2h da manhã e eu deveria estar na cama. Dormindo. Amanhã acordo cedo para afivelar malas e, algum tempo depois, enfrentar 11 horas de vôo para terras desconhecidas. Vou fazer meu périplo pelo Oceano Atlântico.
É difícil segurar a ansiedade. Só vou perceber de fato o que está acontecendo quando chegar lá, creio eu. Ou quando começar a vislumbrar as primeiras paisagens de além-mar, ainda a tantos mil pés de altitude. Será que ficarei emocionada como na primeira vez em que voei de avião, quando vi as ruas de BH pequeninas, num cenário dourado de pôr-do-sol? Ou será que sentirei um nó no estômago de surpresa, como quando entrei de carro no Rio de Janeiro e vi o vulto enorme do Cristo do outro lado da ponte, solto no ar, no escuro da noite?
Depois de amanhã, quando o avião baixar das nuvens em antiquíssimo e novo solo, saberei. Saberei como é viver um tempo paralelo durante um mês. Estarei entregue a novas sensações, pessoas, sons e gostos. Sem lastro conhecido, explorando novos laços.
Será que, quando voltar, terá mudado muita coisa por aqui? Quem será o novo (ou velho) governante da nação? Será que minha casa, entregue à fúria desordeira de dois homens queridos, estará reconhecível? Será que a descarga do banheiro das mulheres, no meu trabalho, continuará desregulada? Que voltas o mundo poderá dar em um mês?

E minha alma, que voltas dará? Que mundo conhecerei, que saudades trarei?

Em breve, respostas. Ou mais perguntas. Melhores e mais interessantes, espero. Por enquanto, só saudade e carinho. Já, por todos. Arrivederci, bambini.

"Quando chegares ao fim do que deverias saber, estarás no princípio do que deverias sentir".
(Gibran Kalil Gibran)

SMM

terça-feira, setembro 19, 2006

Coisa de maluco

ou: de como eu amo meu trabalho.

Você chega enlouquecida, vinda da rua, e dois dedos de prosa - acrescidos de uma peadinha - conseguem te fazer pensar que, afinal de contas, o mundo é um bom lugar para se viver.

Isto merecia uma música do Wando.

SMM

sábado, setembro 16, 2006

Vida real

Cá estou eu, Flória Emília, em um sábado de noite a colaborar com o Santíssimas. A ausência não se justifica.

Falo agora de uma teoria que desenvolvi, a respeito do medo do amor.
É muito simples: no amor platônico, impossível, você está protegida por um escudo que te impede de se sentir rejeitada. Você lida com outras questões, como "por que eu?", e "nossa, como essa vida é injusta". Mas não faz questionamento do tipo: "será que ele não me quer porque sou feia?", e muito menos leva foras, porque é platônico, não chega às questões do real.
Mas é um pouco prejudicial. Às vezes você já travou diálogos imaginários que duraram dias, mas quando fica a sós com a pessoa, não sabe muito como lidar com a vida de verdade.
O amor platônico é uma espécie de jangadinha que as pessoas covardes usam para navegar em contos de fada.

Eu, covarde assumida, preferia ter continuado navegando a ter perdido o controle da situação.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Cara... e esse calor???

E olha que eu AMO calor...

Fui tomar um meio-banho-de-gato na pia do banheiro... lavar o rosto... deixar a água espirrar inconsequente em você.... no meio do expediente....
E quando você percebe arrancou o vestido e está curtindo seu momento-morro-de-calor nua no banheiro da empresa....

Ahhh consigo trabalhar agora...

Bárbara, a Santa.

Hoje

Meus olhos hoje vêem inquietação e coragem. Vêem uma terra que não pára, que não se olha, que corre. Hoje meus olhos vêem um dia claro que forja idéias. A menina que passa levando um menino no ventre. A outra que pensa no menino que é luz dos seus olhos. Alheias a tudo, tão parte do mundo. Vejo a roda da fortuna girando, nos levando para a correnteza. Vejo sonhos subindo e queimando ao sol, vejo nuvens abaixo de quem voa de avião. Vejo os olhos castanhos de um homem que é menino, que me olha, que fala comigo. Algo muda naquele segundo, de novo, como sempre. Mesmo que ele não saiba, não sonhe, não queira. Mesmo que eu não queira nada, só o instante de paz do sorriso escondido no turbilhão, escondido a ponto de nós dois não sabermos. Vejo amigos se afastando, tentando olhar por cima do muro. Meu olhar aflito procura a todos, quer guardá-los no bolso, levá-los na alma. Vejo o rosto da minha mãe me sorrindo. Os olhos verdes do meu pai olhando por mim. Sinto minha alma crescer e trombar com tantas outras almas furiosas lá fora. Meu coração avisa que está vivo. Quero agradecer a todos pela consideração e serviços prestados aos meus mais puros sentimentos. Olho pela janela e vejo o céu azul, o mesmo e tão diferente da adolescência. O instante que passa me comove, me amedronta e me encanta.

Sinto vontade de chorar. Mas pego o telefone e vou fazer ligações.


Inspirado – mas não à altura – do belíssimo texto Mel e Lágrimas da amiga Fefinha.


SMM

quinta-feira, setembro 14, 2006

A noite é pouca

A noite é pouca
para o muito que sinto
É pouco o tempo
para o muito que quero
A vida é escassa
para o muito que busco
O amor é nada
para o muito que espero.

(Maria Dinorah)

SMM

quarta-feira, setembro 13, 2006

Quer que eu desenhe?

Acho que as pessoas falam outra língua que não a minha. Recebo ligações com pedidos bizarros, mando informações e recebo respostas nonsense, e por conseguinte dou informações (que descubro depois) nonsense também, surto, viro sorvete nesse calor. Estou atrasada com coisas que nunca atrasei, mesmo tendo trabalhado vários dias no feriado. Nado por entre tarefas hercúleas numa segunda-feira que se estende semana afora.
Sinto falta dos meus amigos. Não consigo falar com quase nenhum.
Surto adolescente: só quem me entende é Caco Jr., meu sapo de pelúcia.
E eu nem estou na TPM.

terça-feira, setembro 12, 2006

Fobia, fobia, fobia

Até que enfim, alguém me entende!!

Comportamento suspeito em vôos
Por Nina Lemos

Outro dia um avião foi acompanhado até o aeroporto por caças de guerra. Isso porque passageiros tiveram "comportamento suspeito em vôos". E eu, Nina, garota fóbica, pelo jeito nunca mais poderei fazer uma viagem internacional. Isso porque eu sempre tenho um comportamento suspeito dentro de aviões. Não só eu. Mas todos os fóbicos que conheço.
Sim, o mundo está perdido quando descobrimos que fóbicos, que de tão medrosos não fazem mal a ninguém, viraram ameaça internacional.

Meu comportamento é tão suspeito que uma vez, voltando de madrugada de Recife, a aeromoça veio me perguntar "se estava tudo bem". E olha que eu nem tinha dito nada. Só estava com as mãos no rosto chorando.

Outra vez, voltando do Chile, eu e a amiga fotógrafa fóbica pegamos uma turbulência dos infernos. O que ela fez? Tentou sair correndo para segurar a mão de uma aeromoça. Comportamento suspeitíssimo!

E ainda teve uma outra vez, em Cuba. Eu, Jo e Raq viajamos juntas para uma ilha cubana. O avião era uma coisa assustadora que só continha seis janelas (e trinta e poucos lugares). O que nós fizemos? Corremos na frente de todo mundo, bem brasileiras mal educadas mesmo,e sentamos cada uma em uma janela. Pessoas correndo para pegar lugares só podem ser? Terroristas!

Ah, e a amiga R. só viaja sentada nas primeiras fileiras. Não seria um comportamento fóbico de acordo com o FBI, seria apenas uma necessidade de estar mais perto do piloto para... matá-lo!
Sim, eu, fóbica, agora corro o risco de ser chamada de terrorista. E ser presa deve dar uma claustrofobia...


SMM

segunda-feira, setembro 11, 2006

Inícios

Um dia você olha para trás e percebe que não sente falta de um "alguém" específico. Não quer resgatar ninguém do seu passado, reviver histórias, reeditar erros. Você sente falta, mesmo, é do tempo de dois.
Aquele tempo em que você ria à toa com a pessoa, que você esperava ela ligar. Em que planejava coisas, imaginava o que viria no final de semana, lia o horóscopo, decorava gostos e preferências. Fazia mimetismo de amor, como diria Vinícius.
E quanto tudo termina e você vasculha os momentos idos, buscando o que guardar, sempre esbarra naqueles primeiros tempos.
Não é arrependimento, ciúme, nostalgia. Nem desejo de voltar atrás: você sabe, não seria a mesma coisa. O momento da estréia não se repete. Quando o sentimento, ainda novato, explode em possibilidades.
Não se deve tornar fugaz o que pode ser eterno. Mas também não se deve tornar eterno o que tem o direito de ser fugaz. A beleza genuína, sólida, está nos inícios.

SMM

Segunda de sol inclemente

Ontem de manhã, quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de vinte anos

Eu tenho mais de mil perguntas sem respostas
Estou ligada num futuro blues
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros

O sangue jorra pelos furos
Pelas veias de um jornal
Eu não te quero, eu te quero mal

Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei
Eu tenho mais de vinte anos
Eu quero as cores e os colírios - meus delírios

Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de 20 anos

(Regina Elis, tb revisitada)

por SMM

domingo, setembro 10, 2006

Esfíngico

Sigo palavras e busco estrelas

O que é que o mundo fez pra você rir assim

Pra não tocá-lo, melhor nem vê-lo

Como é que você pôde se perder de mim

Faz tanto frio, faz tanto tempo

Que no meu mundo algo se perdeu

Te mando beijos em outdoors pela avenida

E você sempre tão distraído

Passa e não vê, e não vê

Fico acordada noites inteiras

Os dias parecem não ter mais fim

E a esfinge da espera

Olhos de pedra sem pena de mim

Faz tanto frio, faz tanto tempo

Que no meu mundo algo se perdeu

Te mando beijos em outdoors pela avenida

Você sempre tão distraído

Passa e não vê, e não vê

Já não consigo não pensar em você

Já não consigo não pensar em você

(Paralamas, revisitado)

por Madalena

terça-feira, setembro 05, 2006

Milagres e pecados urbanos

Cena 1
Metrô Barra Funda, 18h30. Você apressada e uma fila quilométrica. Horário de pico. Mal dá pra ver as catracas lá na frente. Sem escolha, você respira fundo e enfrenta a multidão. Quando chega na catraca, surpresa: seu bilhete não passa. Você se esqueceu de recarregar os créditos. O relógio corre e as filas atrás de você aumentam. Sua amiga também não pode te ajudar: ela passou antes de você, o bilhete dela é de estudante e só voltará a valer dentro de dez minutos. Você dá meia-volta para enfrentar a segunda fila, e depois a terceira, e talvez perder a hora do seu compromisso. E vem outra surpresa: uma mão se estende entre você e sua amiga, segurando um bilhete unitário. O rapaz, gentilíssimo, insiste, quer que você aceite a oferta. Antes que você possa recusar, ele te faz segurar o bilhete, te dá um sorriso e some na multidão. Uh.

Cena 2
Essa é ainda melhor. Depois de um dia corrido de trabalho e de alguns gastos extras (e necessários) em duas lojas, você se lembra de que ainda precisa fazer um depósito no caixa eletrônico do banco. São 21h30. Você entra na agência e se prepara para gastar um pouco mais. Faz o depósito, atravessa a rua e pega um ônibus rumo ao lar.
Uns vinte minutos depois, toca seu celular. Um desconhecido pergunta se você é você. É o segurança da agência bancária: você havia deixado sua carteira lá, em cima do caixa eletrônico. E sua agenda também (onde ele achou seu telefone). Um frio percorre sua espinha. Você se lembra dos documentos, dos cartões, de parte do dinheiro que você tinha recebido naquele dia, e que já estava separado para o condomínio. "Vou praí agora. Mas me diga, ainda tem dinheiro na carteira? Eu vou pegar um táxi, mas preciso pagá-lo quando chegar aí". "Sim, tem 180 reais".
Você desce do ônibus desesperada. Carrega uma mala enorme, recém-comprada. Está no meio de um bairro residencial. Sem táxis à vista. Pára na portaria de um prédio. "Tem algum ponto de táxi por aqui?" Os porteiros do prédio vêem sua cara de louca e a mala enorme que você arrasta. Sei lá o que pensam, mas pegam o telefone e chamam um táxi, dando o endereço do tal prédio. Você sobe no carro contando os segundos, depois de receber outra ligação do segurança do banco: ele vai fechar a agência em dez minutos. Mas pode esperar, se você estiver perto. Além do segurança, a agência está cheia de pintores e pedreiros fazendo uma reforma. Você chega lá e o moço explica: uma garota entrou na agência, encontrou a carteira e a agenda e entregou pra ele. E está tudo lá, cada documento, cada nota. Você deixa uma gratificação para os caras que estão lá e volta para casa no busão, de novo. Passa o resto da noite em estado de graça.

Cena 3
No dia seguinte, de volta à Barra Funda. No mesmo horário superpovoado de sempre, você está na fila do metrô e uma menina te aborda, chorosa. "Moça, tem dinheiro para inteirar minha passagem?" Você passa apressada e faz sinal negativo. No minuto seguinte, o arrependimento te corrói. Puxa, depois de tudo que aconteceu ontem, e de ter sido socorrida aqui nesse mesmo lugar outro dia, o mínimo que pode fazer é ajudar. Você vasculha sua carteira (que realmente estava sem troco nenhum), acha umas três moedas de um real e volta, procurando a menina. Quando chega perto, ela está falando com um outro garoto um pouco mais novo, que entrega dinheiro pra ela. São amigos. Ele diz: "Segura aí. Ei, você tá chorando?" Num segundo, a fisionomia dela se transfigura. Ela desfaz a cara de choro, dá um riso malando e uma piscadinha para o cara. Você fica paralisada. E depois de instantes, volta para a sua fila.

Ah. As pequenas e grandes idiossincrasias da humanidade.

por SMM

segunda-feira, setembro 04, 2006

Não vou me adaptar

Você enche a cara de maquiagem, espirra um "spray-sorriso" e tem que vestir a cara de feliz que Deus te deu. Em situações bizarras.

Na saída, ouve conversas surreais e amaldiçoa o mundo egocêntrico, vaidoso e hipócrita. Apesar de gostar da essência de alguns desses que se mostram escravos da Roda da Fortuna. Soberba demais faz mal: mesmo eles também têm suas verdades.

Mas você prefere mudar de profissão, alterar o rumo, ir fazer mapa astral na praça da República (sem desmérito, por favor) do que concordar em fazer certas coisas em nome do salário nosso de cada dia. Daí você volta para seu trabalho, olha ao redor e diz: ufa, que bom que aqui não preciso me sujeitar a esse mundo cão. Ainda bem. Esse sentimento não tem preço. Para todas as outras coisas, ainda temos o mapa astral.

Mesmo as santas têm seus momentos profanos (no melhor sentido, é claro). O tarot do final de semana aponta crises existenciais e criativas no front. Sintomático.

Esta santa está procurando seu momento de transcendência. Mas talvez ele esteja bem à sua frente: é só pegar carona no carro que passa. Resta aprender (ou reaprender) a esticar o dedo. Pensando bem, um momento libra não fará mal a ninguém. E que as cabras nos protejam.

por SMM

Ele... sempre ele....

Explicação sobre minha frase do msn.... que meu amigo de longa data disse não ter entendido nada....

Amigo says: (4:39:22 PM)
sim sim Tia

Amigo says: (4:39:26 PM)
me explique

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:39:48 PM)
seguinte

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:39:54 PM)
vcs homens nos desejam

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:40:03 PM)
e nós mulheres desejamos isso

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:40:09 PM)
desejamos q vcs nos desejem

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:40:13 PM)
não é simples?

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:40:31 PM)
não desejamos vcs propriamente ditos...

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:40:36 PM)
mas desejamos ser desejadas

Amigo says: (4:41:03 PM)
affff

Amigo says: (4:41:25 PM)
e da na mesma

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:42:03 PM)
homens

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:42:11 PM)
pq perco eu tempo fazendo vcs entenderem algo?

Amigo says: (4:42:11 PM)
e se voces..nao desejam o homem e sim desejam serem desejadas..isso tem um forte indicio de que voces se desejam pelo simples fato de estarem cada uma intencionando o desejo...

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:42:23 PM)
nossa

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:42:25 PM)
claro q não

Amigo says: (4:42:29 PM)
e se voces estao intencionando o desejo logo ..voces se intencionam..e logo voces se desejam

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:42:29 PM)
vc ta me zuando né?

Amigo says: (4:42:37 PM)
nao

Amigo says: (4:42:48 PM)
to discutindo com voce..amiga

Amigo says: (4:42:54 PM)
sobre sua frase..hehehe

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:43:25 PM)
mas vc não pode estar falando sério

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:43:28 PM)
diga q não

Amigo says: (4:43:31 PM)
por isso que mulheres vivem reparando em outras mulheres

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:43:38 PM)
ficarei extremamente preocupada se for verdade

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:43:40 PM)
POUTZ

Amigo says: (4:43:41 PM)
e não conseguem ser amigas..de fato

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:43:48 PM)
como não?

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:44:03 PM)
nossa... vc ta me deixando preocupada

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:44:07 PM)
vamos falar de outras coisas

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:44:09 PM)
hahahaha

Amigo says: (4:44:14 PM)
hahahaha..

Amigo says: (4:44:57 PM)
e voces tem vergonha do desejo porque simplesmente tem desejo em ter vergonha

Amigo says: (4:44:57 PM)
se é que voce me entende

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:45:09 PM)
eae? quais as novidades?

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:45:11 PM)
e a praia?

.: santa bárbara :. o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem says: (4:45:32 PM)
não vou definitivamente discutir isso com vc pq vc não entendeu a frase mais simples do mundo rs


Eu queria do fundinho mais profundo da minha alma acreditar que ele tava brincando....

Santinha Bárbara....

Madalena pegou leve....

A real é que queremos nos convencer que eles são fofos full time... porque na maior parte do tempo eles realmente são. Mas não... eles não são fofos para sempre....
São fofos quando nos mimam. Mas nos mimam porque já nos conhecem... Mulheres desconhecidas despertam inseguranças e preconceitos.
O que mais me deixa triste é homem frouxo.... é a pior categoria que um homem pode pertencer...

E eu não quero mais escrever sobre isso porque Flória Emília não pára de falar do tal JP Simões e isso me tirou a concentração do que eu ia postar....

SB!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Duelo de Trindades

Eles dizem várias coisas nonsense, feitas para irritar. Vão até o último degrau da inconveniência, mais do que qualquer uma imaginou ser possível. Riem dos protestos, fazem pouco da indignação. Mas saem de fina, amarelam, fingem que não ouviram seus argumentos - porque sabem que vocês, no fundo, estão certas.

No dia seguinte, mostrando que não sofrem de surdez ou ignorância, repetem tudo que foi dito - inclusive as frases em contrário, com cada vírgula, tal e qual. E sustentam as próprias posições, pretensas brincadeiras inocentes. Vocês, por sua vez, não arredam pé das suas. E fica tudo por isso mesmo.

Mas aí um deles senta do seu lado, dá um sorriso e faz uma gracinha. E você continua achando tudo muito nonsense. Mas, em cinco minutos, fica de novo morrendo de raiva de você mesma. Humpf.

por SMM

quinta-feira, agosto 31, 2006

Quinta-feira, 20h57... no trabalho

Working Girls
(por Nina Lemos)

Nos anos 40, 50, nem toda garota trabalhava. Na verdade, só uma pequena minoria fazia isso. Nos filmes americanos, elas eram secretárias. E chamadas de working girls por serem muuuuito modernas para a época. Mas elas tinham dificuldades em arrumar maridos. Sei lá se elas queriam isso, mas nos livros e nos filmes é isso o que parece! Isso foi pelos idos dos anos 40/50.

Agora estamos em 2006. E aqui estamos. Nossas mães acham que temos dificuldades para arrumar maridos (não entendem que realmente não queremos). Mas uma working girl do século 21....

* Trabalha no dia primeiro de maio enquanto o seu pretê provavelmente está dormindo tranquilamente.

* Tem medo de ter filhos e não conseguir cuidar do trabalho e do filho ao mesmo tempo, mas sabe que um dia o filho vai ser muito mais importante que o trabalho. E a vida vai ser muito boa.

* Vai trabalhar já com modelo para a dupla jornada quando vai sair de noite. Isso faz com que em muitos escritórios garotas usem cintos de tacha meio punks e coturnos por baixo dos jeans.

* Baixam músicas da Internet enquanto trabalham. Normalmente músicas de amor. E podem passar o dia todo trabalhando e pensando em um pretê ao mesmo tempo.

* Transformam as suas colegas de trabalho em irmãs (nem todas, mas algumas). E contam para elas tudo da sua vida. Quando uma fica triste, a outra chama para tomar um café.

* Têm olheiras. Muita olheira. E quase nunca usam corretivo na hora de trabalhar. Preferem os óculos escuros.

* Falam no celular quando o assunto é amigos ou pretês. Mandam muitos e-mails o dia todo para tentar sair da bolha onde moram.

* E trabalham, depois saem, e depois dormem e trabalham de novo. Muitas vezes dormem sozinhas e sonham com o trabalho. Aproveitam bem a presença de um cara em suas camas e pedem um abraço, para não ter que pensar em trabalho...

por SMM

Encontros e dissidências

Depois de eras sem ir ao cinema, a moça vai assistir a um filme romântico água-com-acúcar. Entre arranha-céus norte-americanos e parques de ar outonal, ela acompanha a história, cujo mote se pretende de realismo fantástico. Mais real e palpável, porém, é a ação e reação dos personagens, tão comum, tão diária, tão intensa. Ele ou ela poderiam ser qualquer um de nós; qualquer um de nós (ou quase) quereria ter um amor como esse.
Mas ela discorda do final: diante das circunstâncias, dos encontros e desencontros, um desfecho triste faria mais sentido. É verdade. A respiração se alivia com as cenas finais. Porém, a lógica do filme só se justificaria na tragédia. Com ela, seria história forte, bem construída. Sem ela, drama inverossímil.

Dane-se a coerência, ela sabe. Estamos falando de amores e de um filme de final de tarde. Mas fica a curiosidade: é o remake de um filme coreano. E, como remake comercial de história não-americana, devem ter mudado o final. Vai atrás da sinopse do filme original. Lá a tragédia deve se manter e justificar a história, ela pensa. Lê o roteiro do primeiro filme. Várias passagens mudadas ou sumidas na segunda versão. Mas nesta também a tragédia não se mantém. O que muda são os detalhes do durante que, agora sim, sustentam uma conclusão feliz. Ela gosta. Está provado que a felicidade, ela também, pode ter substância.

por SMM

quarta-feira, agosto 30, 2006

Ainda a lua nova

Já que o assunto é esse... divulgando a face brilhante:

www.luanova.org.br

Um trabalho pra lá de bacana com mamães que estão para ter seus filhos e lá encontram várias formas e motivos para prosseguir o infinito ciclo.
Uma dica para quem quiser colaborar (e babar), além de todo o conteúdo do site, é o link "criando arte": lembrança feliz para colocar em cima da cama ou do sofá, e apertar de vez em quando. :)

E para rir no dia de hoje (ou não...) vai também o link de texto ótimo da amiga : "Tia Fefinha diz". Leiam e aprendam, ragazzas, rs.


por SMM

terça-feira, agosto 29, 2006

Lua Nova

O gato morre pela boca. Os defeitos aparecem, nos surpreendem, nos assaltam a paz. As pedras no caminho resolvem agredir os pés. A saudade aperta, os sonhos cobram nascimento. O grito sobe, sufoca a garganta, exige liberdade.

Ô tempo doido pra mexer com a alma da gente.

por SMM

Diálogo Matinal

- Quer metade do meu Trident?
- Por que? Você não aguenta um inteiro??

Agora me digam.... pq eu escolhi tanto?????

St. Bárbara

segunda-feira, agosto 28, 2006

Fácil e rápido

A gente sempre destrói aquilo que mais ama
Em campo aberto, ou numa emboscada
Alguns com a beleza do carinho,
outros com a dureza da palavra.
Os covardes destroem com um beijo,
os valentes destroem com a espada.

(Oscar Wilde, Balada do Cárcere de Reading)

por Santa Maria Madalena

Quase uma santa

Aqui estou. A terceira margem do rio.
A demora em escrever é por desordem mental, coisa que se abate sobre mim de tempos em tempos.

A questão atual é a busca pela autenticidade, por isso tenho pensado e falado muito sobre o mundo das idéias e o mundo das sombras.
Minha teoria é que São Paulo é o mundo das sombras. Mera representação do ideal existente nas matrizes. Tenho tentado identificar quais são elas, e pelo menos no círculo em que vivo, as pessoas tentam ser pernambucanas e londrinas. Ou seja, indies e cults vivem em busca da originalidade alheia.

Passeio pelas ruas da Vila Madalena e vejo comunistas de piscina em bares que imitam botecos e têm preço de restaurante nobre. Todo mundo se veste igual, pensa igual, quer as mesmas coisas.
O mesmo acontece na rua Augusta, embora tenha que admitir, com menos glamour e mais vivacidade.

Por isso que vou atrás das vanguardas. Não os tribalistas da vida, mas os que impõe questões revolucionárias para o dia a dia. A questão é subverter a ordem pré-estabelecida das coisas.

ass. Flória Emília

quinta-feira, agosto 24, 2006

Marte em Leão

É só pensar em você

Que muda o dia

Minha alegria dá pra ver

Não dá pra esconder

Nem quero pensar se é certo querer

O que vou lhe dizer

Um beijo seu

E eu vou só pensar em você

Se a chuva cai e o sol não sai

Penso em você, vontade de viver mais

Em paz com o mundo e comigo

Se a chuva cai e o sol não sai

Penso em você

Vontade de viver mais

Em paz com o mundo e consigo

(Chico Cezar)

por SMM

quarta-feira, agosto 23, 2006

Mais uma

ótima, tirada desse blog:

O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada. O tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.


por SMM

Outras frases

geniais, dessa vez da escritora Martha Medeiros:

O amor não merece um beijo que não seja, no mínimo, indecente.

Eu gostaria de testar apenas se permaneço capaz para o amor.


por SMM

terça-feira, agosto 22, 2006

Trocando de biquíni sem parar

"Tô fazendo amor com oito pessoas, mas meu coração, vai ser pra sempre teu"...

"O Zé Geraldo, jogado aos teus pés, eu sou mesmo Zé Geraldo"...

"Se o senhoooor, da sacanagiiii..."

Essas e outras pérolas estão aqui... http://virunduns.blogger.com.br

Vale a pena ler integralmente. E vale menção especial por aqui. :)

por SMM

Términos

Algumas coisas, quando acabam, nos deixam meio sem chão.

Outras a gente nem percebe que terminaram. Ainda estavam ali? Puxa.

Algumas acabam e insistem em continuar lá, no meio do caminho. Vai a alma, fica o corpo.

Outras morrem, mas lhes falta a coragem de avisar. A gente é que precisa decretar o fim, sacramentar uma decisão que nem foi nossa. Dão duplo trabalho.

E tem aquelas que a gente faz de tudo pra que não morram. Respiração artificial, massagem cardíaca, choque elétrico, lágrimas, risos, súplicas. Às vezes adianta, às vezes não.

Às vezes é melhor que elas terminem, mesmo que a gente não queira. Às vezes não.

Tem coisas que, só quando acabam, é que a gente vê o baita volume que faziam na vida da gente.

E tem outras que, embora se suponha finitas, nunca terminam. Ficam escondidas, à espreita.
Quando menos esperamos, nos surpreendem. De novo e de novo.
Às vezes, em plena luz do sol. Às vezes, no silêncio do fundo do coração.

por SMM

segunda-feira, agosto 21, 2006

Mulher é bicho estranho...

...sangra por 15 dias e não morre... como confiar??

Quando você da um tempo num relacionamento imagina que a volta vai ser diferente.... que vocês vão mudar um com o outro... e realmente isso é o que mais acontece.
O duro é explicar porquê você quer encontrar problema em voltar e estar tudo lindo como antes....
Mulher é bicho estranho....

St. Bárbara

quarta-feira, agosto 16, 2006

Momento Mofo

Ah, Tuiuiú
Minha estrela hoje não está no céu
Ah, que saudade
Daquele jeitinho de Lua
Que a lua, lua, lua, luava
No céu da terra onde eu nasci
Ah, Tuiuiú
Já volto pra ti

Estrela de cinco pontas
Perdi meu colar de contas
E às vezes me vejo às tontas
Fingindo que não parti
Estrela de cinco pontas
Perdi meu colar de contas
Parti e ficaste às tontas
Mas volto logo pra ti

Dou um Lollo de presente pra quem se lembrar de onde é essa música. :)

Por SMM

A Terceira

Temos recebido alguns questionamentos a respeito da Terceira Santa, que ajuda a dar nome a esse blog. É, a gente também não sabe. Na verdade, ela foi a primeira a realmente dar as caras por aqui - como comprova aquele primeiro post, lá embaixo, antes mesmo do post inaugural. Foi ela que, num impulso glorioso, materializou o desejo das três que vos falam (até agora, virtualmente, duas) e realmente originou tudo. Veio aqui, escolheu domínio, endereço, nome, login, senhas. Depois, nos comunicou da criação já consumada.
Passaram-se os dias, porém, e ninguém aparecia. Andávamos ocupadas com outras rezas. Até que, depois de vários rolos de feno se perdendo na paisagem, surgiu uma brecha e consegui botar a coisa pra funcionar. Minha colega Santa Bárbara veio ao encalço, com sua presença indispensável. Agora, o nome da Terceira Santa é mistério até pra nós. Também aguardamos. Quem sabe um dia ela resolva reafirmar a Trindade com sua presença neste blog. Por enquanto, fica aqui a homenagem e agradecimento pela criação do espaço. E também a pergunta: onde estás, que não respondes? :)

Por Santa Maria Madalena

Pra confirmar antigas teorias....


Sempre esqueço de assinar e tenho q voltar e editar....
St. Bárbara!

Reprise

Três anos atrás, minha vida social bombava. Não porque eu fosse super-hiper-requisitada para baladas, ou figurinha fácil nas colunas da Joyce Pascowitch. Mas porque tinha amigas de fé que iam dormir em casa, que me chamavam pra chopps na última hora, que me ligavam à noite e com quem eu ficava no telefone até de madrugada. Tá, eu ainda tenho essas amigas e conquistei novas. Ainda bem, porque amigas são o que salva a minha vida nessa Paulicéia Desvairada. Mas, parafraseando Renato Russo (adoro paráfrases, vocês já notaram), eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim tão diferente.

Naquele início de 2003, eu e uma amiga vivíamos uma fase mítica. As duas passando por tempestades emocionais, por lendas urbanas, por amores confusos. As duas, cada qual à sua maneira, trocando seus objetos de amor. Eu estava às voltas com uma dessas bênçãos que entram quebrando todos os vidros, nos deixando com a sensação de termos sido atropeladas por um caminhão, e loucas pra ir de vez pra UTI. Não, eu não fui. Botei um soro na veia e segui em frente, com um curativo gigante que ficou colado na minha pele por muito, muito tempo. Curei-me, me recuperei e estou aqui, firme e forte – não sei se sã, mas isso não vem ao caso, rs. Minha amiga, atravessando redemoinho igual, me segurou a mão, foi dormir em casa, me ensinou o novo sotaque que aprendia, me levou pra festa. Em retribuição, dei-lhe de presente estímulo para seus sonhos, um ombro amigo e problemas similares para compartilharmos.
Um dia, munida da coragem das tropeiras do século XVIII, ela arrumou suas trouxas e saiu na calada da noite. Foi atrás do destino que uma manhã de greve de metrô, de táxi pifado e avião decolando lhe mostrara. Eu continuei por aqui, ouvindo de longe os ecos da minha amiga-irmã e idealizando meus próprios sonhos e planos.

Por fim, não posso dizer que os sonhos foram equivocados. O sonho se basta. Se ele virar realidade já será outra coisa, ensaio pálido daquilo que era quando habitava a imaginação. Sonhos são combustível. Se não para o futuro, com certeza para o presente.
Hoje vejo aqueles sonhos com a visão da memória, da recordação. Incrível o que três anos podem fazer na cabeça da gente. Meus amigos que o digam – a vida de quase todos mudou radicalmente nos últimos 36 meses. Hoje eu sei (ou saberei ainda mais?) o que é o vento sul, sei o que são as paisagens que antes habitavam apenas minha imaginação. Posso até arriscar o que teria ou não dado certo, apesar de saber que minhas projeções não passam de palpite. Mas sei, principalmente, que vivi momentos mágicos. Roubei um pouco do heroísmo da ficção para pintar histórias na minha alma, como criança que brinca.

Olhando pra trás, vejo que a pintura ficou bonita. E que é bom tirá-la da gaveta pra apreciar e aprender, mais uma vez, que algumas bênçãos vêm assim como o vento – de repente, nos arrebatando, desarrumando o cabelo. É bom sentir o frescor no rosto de novo, mesmo que seja, ainda, com uma promessa de novas estações.

Para terminar esse post meio nonsense, deixo aqui a frase de uma escritora gaúcha tri-boa, que outra amiga também fantástica me apresentou recentemente: “Acho que saudade a gente tem é dos pedaços da gente mesma, que vão ficando no caminho”.


Por SMM

terça-feira, agosto 15, 2006

Em dia de greve de metrô

Lembro Lya Luft, citando Erico Verissimo: "Em certos momentos o que nos salva nem é o amor, é o humor".

Pois é. Haja humor.


Por SMM

segunda-feira, agosto 14, 2006

A frase

Da Lili, esta tarde:

"É mais fácil você arrumar um estrangeiro que mude pra cá por você, do que um brasileiro que se disponha até mesmo a pegar um ônibus".

Si non è vero... è bene trovato. ;)

Por S.M.M.

The Power of Loosers


Só pra dar uma descontraída... esse blog anda muito sério. :)

Por Santa ... é, eu mesma

Nessa época do ano, quando o frio vem chegando...

Parafraseando a canção dos Paralamas, lembro-me de que nessa época do ano, quando o calor (normalmente) vem chegando, me vem também um banzo de anos idos - quando o solzinho começava a aparecer, tímido, pós-vento frio de junho/julho. Quando adolescente, sempre gostei do inverno. Morando no interior, inverno era sinônimo de tirar do armário aquele casaco pesado, os agasalhos de lã e dar aquela desfilada básica pela escola, ostentando os modelitos. Com sorte, tínhamos também quentão, vinho quente e uns programinhas invernais cheios de promessas, para logo ou para longe. Trago boas lembranças dos meus invernos adolescentes, apesar das temperaturas nem sempre amigáveis - pois o interior paulista também saber ser beeeeem frio quando quer.
Apesar disso, depois dos fantásticos vinte dias de gelo anuais, vinha de novo o sol e aquele arzinho de final de ano se aproximando. Com sorte, uns passeios ao ar livre e as voltinhas de bicicleta no final de tarde – uma tarde iluminada que invadia a noite. Eram oito horas e o sol ainda lá, com preguiça de se despedir.

Naquela época o efeito estufa e as promessas de desgraças climáticas não assustavam tanto também. Uma lembrança é infalível - o cheiro dos finais de tarde e das manhãs desses meses de transição. Sim, as tardes e manhãs tinham perfume característico. Era um cheiro que ficava no ar da cidade inteira, um cheiro de sol se abrindo no estio. Pode existir isso? Nas minhas tardes adolescentes, sim.
Depois vim para São Paulo e, naquele meado da década de 1990, comecei a brigar com o frio. Aqui o inverno era maior do que vinte dias, o vento gelado cortava mais. Minha pele se ressentia e meus pulmões reclamavam da temperatura que não era tão de brincadeira. E eu passei a não ter mais tanta simpatia pela estação. E a gostar ainda mais dos ventos de agosto, que traziam o solzinho tímido e aquele cheiro tão característico – sim, eu ainda o sentia nos finais de tarde do meu apartamento, lembrando lugares anteriores.

Hoje em dia, não encontro mais aquele inverno gélido de dez anos atrás, dos meus primeiros anos de volta à Paulicéia. O tempo enlouqueceu, como todos sabemos. De vez em quando aparece uma frente fria que deixa todo mundo gripado para, dias depois, ceder lugar a um calor senegalês em pleno julho. Mas eu, sem sentir cheiros há umas duas semanas mais ou menos, sei que aquele perfume das minhas lembranças está no ar, ainda. Sei que, quando essa gripe passar, ele virá me saudar o segundo semestre, que já está quase se adiantando no calor.

Por Santa Maria Madalena

sexta-feira, agosto 11, 2006

Desabafo

Não aguento mais ficar menstruada... precisava dizer isso....

Quero matar meu chefe-mor... será um surto de pós-menstruação?????????


ST. Bárbara

7 Cabeças

Não dá pé, não tem pé nem cabeça
não tem ninguém que mereça
não tem coração que esqueça
não tem jeito mesmo
não tem dó no peito
não tem nem talvez ter feito
o que você me fez, desapareça
cresça e desapareça

Não tem dó no peito
não tem jeito
não tem ninguém que mereça
não tem coração que esqueça
não tem pé, não tem cabeça
não dá pé, não é direito
não foi nada, eu não fiz nada disso
e você fez um bicho de sete cabeças

Não dá pé, não tem pé nem cabeça
não tem ninguém que mereça
não tem coração que esqueça
não tem jeito mesmo
não tem dó no peito
não tem nem talvez ter feito
o que você me fez, desapareça
cresça e desapareça
bicho de sete cabeças,
bicho de sete cabeças

(Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e Renato Rocha)

Por Santa Maria Madalena

Ele simplesmente é palhaço

Há alguns meses descobri o HTP - Homem é tudo palhaço. Me diverti horrores lendo as histórias na época. Mas de uns tempos pra cá cheguei à conclusão que nem sempre o homem é o palhaço da história.... muitas vezes nós somos palhaças... simplesmente por andar com palhaços por aí....
Por que eu comecei a falar isso? Bem, eu não sei, porque ia mesmo contar sobre um palhaço... amigo do peito, irmão, camarada, mas acima de tudo um palhaço de primeira quando quer.
Entendo que talvez o cara "Simplesmente não está a fim de você", mas não entendo falta de respeito e educação.
Enfim... o irmão camarada reclamava de uma garota com quem ele andava saindo, já umas duas vezes, dizendo que ela era meio grudenta. Por isso ele não estava falando com ela no msn.... tava inclusive testando ficar offline pra poder "fugir" dela. Eu perguntei, ingênua: Mas por que você simplesmente não diz a ela "– Olha, eu não to mais afim..."
Ele, horrorizado, disse que não poderia dizer isso a ela, afinal ele poderia perder sua amizade!!!

Primeiro... porque diabos ele queria a amizade dela??? Agora, depois de ja ter beijado e saido e outras coisas??? Segundo.... CLARO que eles não seriam amigos... Se ele fugisse ou se dissesse a verdade.

Pois é, homens não entendem raciocínios simples.... Pra eles nós é que complicamos.
Explico: Pra ele é muito fácil, eles saíram duas vezes, foi bacaninha, ela é legal, mas só... grudou, enjoou. Então ele deixa de atendê-la. Foge.
E foge porque ele "não lhe deve satisfações".
Poxa... precisa ser namorada pra receber um fora??? Que coisa... inventa qualquer desculpa: To muito ocupado, to de saco-cheio, to voltando pra minha ex, to com frescura, vou viajar pra Bangladesh, virei viado, mas Poxa... dá UMA satisfação.

E vale lembrar também que, sendo "rejeitada" por ele via msn, ela deveria ter um pouco mais de feeling e sacar que o cara não tá afim e pronto.... que mania também de querer fazer com que o cara esteja obrigatoriamente a fim só porque vocês saíram....

Em todo caso, não sei porque postei isso se defendi e malhei os dois lados da coisa...


Por Santa Bárbara....

Verdades idiotas e simples

... que insistimos em ignorar.

- Quando duas pessoas QUEREM ficar juntas, elas ficam. Não importa se uma não fala a língua da outra, se elas têm agendas muito cheias, se as famílias se odeiam ou se uma delas mora na China e outra no Casaquistão.

- A poluição deixa o ar muito abafado. E o único jeito de melhorar isso é quando chove. Mesmo que tudo fique inundado.

- Paulistas e cariocas dificilmente gostarão do sotaque um do outro. O mesmo vale para as variações de pizzas.

- Não adianta sair meia hora mais tarde de casa e querer chegar no trabalho no horário.

- Principalmente se for sexta-feira.

- Principalmente se você morar perto de Congonhas.

- Principalmente na véspera do Dia dos Pais (não por causa do trânsito, mas por causa da ausência de ônibus devido ao efeito PCC).

- Agora, tudo é culpa do PCC.

- Não existem verdades absolutas.

- Não dá pra assistir televisão no sábado à noite.

- Muito menos no domingo à tarde.

- O Manoel Carlos não tem criatividade.

- Ficar gripada no calor é um saco.

- No frio não é muito melhor.

- Sempre vai ter algum tio pra falar no final do almoço em família: "a sobremesa é pavê ou pá comê?"

- Mulheres falam muito. Geralmente.

- Homens falam menos. Geralmente.

- 80% dos problemas da humanidade se resolveriam se as pessoas conversassem mais.

- 90% se tivessem mais auto-estima.

- 60% se elas falassem a verdade com mais freqüência.

- 40% se elas mentissem com mais classe.

- Máxima roubada da Paulinha: você pode dizer qualquer coisa pra qualquer pessoa. Basta encontrar a maneira e o momento certo de dizê-lo.

- Sempre que não tenho muito que dizer, recorro a listas.


Por Santa Maria Madalena

quinta-feira, agosto 10, 2006

Apresentação


Finalmente dei as caras por aqui....
É... até que é bonitinho aqui.... não ta como planejamos ainda... mas da pra hospedar nossos devaneios diários...

Não... eu não me chamo Bárbara. Assim como também não existe uma Maria Madalena real.... não seríamos tão óbvias....

Pelo sincretismo da Umbanda/Camdomblé, Santa Bárbara é Iansã. Ela não é minha santa de cabeça... mas me rege, logo.... (segundo o pai-de-santo-mais-confiável-do-mundo, mesmo sendo filha de Oxóssi, tendo Iansã na cabeça ela pode "tomar" o lugar dele caso eu fizesse "a cabeça na Umbanda ou Camdomblé".... é... ela é da pá-virada, tão entendendo o porquê da escolha???)

É isso... por hoje é só pessoal... amanhã tem mais...
Oremos.

Oração a Santa Bárbara

Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das
fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios
não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar
dos canhões não me abalem a coragem e a bravura.
Ficai sempre ao meu lado para que possa enfrentar
de fronte erguida e rosto sereno todas as tempestades
e batalhas de minha vida, para que, vencedor de todas
as lutas, com a consciência do dever cumprido, possa
agradecer a vós, minha protetora, e render graças a
Deus, criador do céu, da terra e da natureza: este Deus
que tem poder de dominar a furor das tempestades e
abrandar a crueldade das guerras.
Santa Bárbara, rogai por nós.

por Santa Bárbara

Estréia


Bom, já que minhas colegas santas andam bem ocupadas – com razão, diga-se – vou tomar para mim a tarefa de inaugurar formalmente este blog. Pronto: tá inaugurado. Eu, única da tríade a não ter blog próprio, tomo esse como meu por enquanto, até ter a companhia das minhas ilustres colegas de altar.
Escrevo diretamente dessa panela de pressão que tem sido São Paulo. Panela de pressão por causa do clima, do tempo, dos ânimos. Falo por mim: na terceira semana de gripe consecutiva, não ando me agüentando. Muita expectativa, muita saudade, muita inquietação. Aos poucos, vou despejando aqui as impressões desse meio-ciclo regado a uma linda lua de Esbah. Por hora, deixo um poeminha de boas-vindas pra nós. E conjuro: Santas, companheiras minhas, se cá estão, apareçam!

Aviso da lua que menstrua
Elisa Lucinda

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com essa gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas, parece erva, parece hera.
Cuidado com essa gente que gera.
Essa gente que metamorfoseia. Metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar.
Mas, é outro lugar: aí é que está.
Cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair na mesma panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro
Transforma fato em elemento. A tudo refoga, ferve e frita.
Inda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou,
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga, é que estou falando na vera.
Conheço cada uma, além de ser uma delas...
Você que saiu da fresta dela.
Delicada força, quando voltar a ela: Não vá sem ser convidado!
Ou sem os devidos cortejos... às vezes pela ponte de um beijo,
E já se alcança a cidade secreta. Atlântida perdida.
Outras vezes, várias medidas e mais se afasta delas.
Cuidado moço, por você ter uma cobra entre as pernas,
Cai na contradição de ser displicente diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.
Não menospreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano que se extraem filosofias.
Costurando, cozinhando. E você chega com a mão no bolso,
Julgando a arte do almoço... Eca!
Você, que nem sabe onde está sua cueca!
Ah! Meu cão desejado,
Tão preocupado em rosnar, ladrar, latir...
Mas esquece de saber morder devagar.
Esquece de saber curtir, dividir.
E, aí, se quer agredir, chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui
O que é que você pode falar da vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e Galinha... ora, não ofende.
Elogia, enaltece.
Comparando galinha com rainha.
Óvulo, ovo e leite.
Pensando que está xingando
Que está falando palavrão imundo...
Tá não homem.
Tá citando o início do mundo!

Por Santa Maria Madalena

segunda-feira, julho 31, 2006

Opa, testando