quinta-feira, agosto 10, 2006

Estréia


Bom, já que minhas colegas santas andam bem ocupadas – com razão, diga-se – vou tomar para mim a tarefa de inaugurar formalmente este blog. Pronto: tá inaugurado. Eu, única da tríade a não ter blog próprio, tomo esse como meu por enquanto, até ter a companhia das minhas ilustres colegas de altar.
Escrevo diretamente dessa panela de pressão que tem sido São Paulo. Panela de pressão por causa do clima, do tempo, dos ânimos. Falo por mim: na terceira semana de gripe consecutiva, não ando me agüentando. Muita expectativa, muita saudade, muita inquietação. Aos poucos, vou despejando aqui as impressões desse meio-ciclo regado a uma linda lua de Esbah. Por hora, deixo um poeminha de boas-vindas pra nós. E conjuro: Santas, companheiras minhas, se cá estão, apareçam!

Aviso da lua que menstrua
Elisa Lucinda

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com essa gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas, parece erva, parece hera.
Cuidado com essa gente que gera.
Essa gente que metamorfoseia. Metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar.
Mas, é outro lugar: aí é que está.
Cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair na mesma panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro
Transforma fato em elemento. A tudo refoga, ferve e frita.
Inda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou,
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga, é que estou falando na vera.
Conheço cada uma, além de ser uma delas...
Você que saiu da fresta dela.
Delicada força, quando voltar a ela: Não vá sem ser convidado!
Ou sem os devidos cortejos... às vezes pela ponte de um beijo,
E já se alcança a cidade secreta. Atlântida perdida.
Outras vezes, várias medidas e mais se afasta delas.
Cuidado moço, por você ter uma cobra entre as pernas,
Cai na contradição de ser displicente diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.
Não menospreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano que se extraem filosofias.
Costurando, cozinhando. E você chega com a mão no bolso,
Julgando a arte do almoço... Eca!
Você, que nem sabe onde está sua cueca!
Ah! Meu cão desejado,
Tão preocupado em rosnar, ladrar, latir...
Mas esquece de saber morder devagar.
Esquece de saber curtir, dividir.
E, aí, se quer agredir, chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui
O que é que você pode falar da vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e Galinha... ora, não ofende.
Elogia, enaltece.
Comparando galinha com rainha.
Óvulo, ovo e leite.
Pensando que está xingando
Que está falando palavrão imundo...
Tá não homem.
Tá citando o início do mundo!

Por Santa Maria Madalena

2 augúrios:

Blogger Mônica said...

Amigas queridas! Fiquei muito feliz com a novidade deste blog novinho!!! Adorei, amiga Madalena, seu post de inauguração. Beijos e que o Santíssima Trindade seja muito bem vindo ao mundo dos blogs.
PS- Já sou fã de carteirinha!!!

2:36 PM  
Anonymous Anônimo said...

Tô com inveja! Posso ser o AMÉM desse pai, fío e espríto santo?
SEJAM BEM-VINDAS DE NOVO E AGAIN

3:17 PM  

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